[Resenha] Pelos Caminhos do Mate – Zelmo Denari (1/10)

 

Título: Pelos Caminhos do Mate
Autor: Zelmo Denari
Editora: Íthala
Ano da edição: 2012
Número de páginas: 208

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Esta resenha faz parte do Desafio de Férias #EuLeioNacionais. Clique aqui para saber mais.

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pcdm

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Sinopse: “Pelos caminhos do Mate” é um livro bem encadeado, que prende o leitor do começo ao final surpreendente. No estilo de uma tragédia grega, tantas as aventuras e desventuras do personagem central, o corte trágico tem o tempero brasileiro que muda um desfecho quase previsível. Descrevendo um ciclo da nossa história, a exploração da erva-mate no sertão do Oeste Brasileiro- onde a barbárie faz o ser humano próximo das feras – o autor resgata um passado que ganha lances da epopeia. (Rafael de Lala, jornalista)

 

No ano de 2012 eu estava muito determinada a ganhar sorteios pelo twitter e retuitei diversas promoções e ganhei o livro Pelos Caminhos do Mate, de Zelmo Denari. Fiquei muito feliz por ter ganho e pelo fato de ser um livro. Até então, só tinha ganhado 3 pastéis prêmios bobos em promoções do twitter e vamos combinar que livro é algo muito mais útil.

A leitura foi realizada muito tempo depois, através do incentivo da querida amiga blogueira Leticia Venerando, que criou esse Desafio de Férias maravilhoso. Graças a ela, escrevo sobre esse livro que me encantou com suas descrições do interior do nosso país e de um costume diário do gaúcho, o chimarrão. 🙂

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Pelos Caminhos do Mate conta a história de Afonso, morador de Paraty que resolve se embrenhar para o sertão do vale do rio Paraná, terras que fazem divisa com o Paraguai. A época descrita é o século XIX, durante a exploração da erva-mate no Brasil. O motivo da ida não é nem um pouco nobre: sua namorada Mariazinha está grávida de um filho seu e Afonso não se considera preparado para ser pai. Foge.

Rumo ao sertão, Afonso passar por diversas situações em que ele precisa lutar para sobreviver. Essa sobrevivência se dá através da determinação do personagem e por ele ter flexibilidade em seu modo de agir. Afonso consegue se adaptar, principalmente ao inesperado e às dificuldades. Exatamente assim que ele conhece Taiguá, índio kaiowá que salva a vida. Taiguá, como forma de agradecimento, torna-se seu companheiro de jornada. Na aldeia kaiowá, Afonso conhece Iari, índia que o acompanhará também.

A narrativa de Pelos Caminhos do Mate se desenvolve em dois panos de fundo: Paraty e o sertão. Então, ficamos sabendo dos acontecimentos decorrentes da falta de responsabilidade e da fuga de Afonso, que são terríveis: Mariazinha tenta se matar, mas o irmão de Afonso, Venâncio, declara o seu amor e une-se à moça. Após alguns meses, quando Maria entra em trabalho de parto, ocorre a primeira tragédia da obra. Ela morre devido às complicações do parto e Venâncio, não suportando a dor da perda, suicida-se, deixando o bebê com as irmãs (de Venâncio e Afonso) Telma e Das Dores.

Enquanto isso, Afonso une-se a Iari e a engravida, vive nas terras de um ervateiro chamado Cel. Galdino, vira capataz da fazenda e é conhecido por Diego – nome que escolhe ser chamado após o mal entendido com o capataz de Dom Aguirre (esse capataz prendera Taiguá e Afonso o matou e soltou o índio).

Quando tudo parecia se acalmar, Afonso-Diego precisa fugir pois Dom Aguirre estava à procura do assassino de seu capataz. Novamente o personagem principal deixa mulher e filho e vai para outro local.

Vários anos se passam e Afonso começa a ter sonhos reveladores. Decide, tal como Dom Casmurro, numa tentativa de atar as pontas da vida, fazer o caminho de volta para casa.

Podemos analisar Pelos Caminhos do Mate de duas formas. A primeira é compará-la a uma tragédia grega, já que o personagem principal, Afonso, está numa constante busca de si mesmo, perseguindo um mundo cheio de aventuras, provações e acontecimentos trágicos.

Tal como um herói trágico grego, Afonso descobre que seu sofrimento é decorrente de suas próprias ações e não por causa dos acontecimentos. Ele encontra o infortúnio pelos seus erros de julgamento. Vive entre o crime e o castigo, aceita a queda com dignidade e aprende com as suas falhas.

Também podemos ler a obra pensando nela como um texto épico. As viagens feitas por Afonso, apesar de seu início “não-nobre”, ajudam-lhe a refletir sobre seus problemas, a superar as dificuldades e reúnem-lhe atributos comuns a um herói épico: coragem, determinação, paciência, sacrifício e renúncia. Confesso que em muitos momentos, durante a leitura, achei Afonso um covarde machista. No entanto, o retorno do personagem pelos lugares em que passou foi muito importante para a compreensão de seus erros.

O final do texto é muito tenso! Acontece uma revelação catastrófica, eu diria. Apesar disso, o personagem aprende muito e abre-se para uma nova vida em sua casa, em Paraty, 12 anos após a sua viagem ao sertão.

Recomendo a leitura, principalmente àqueles que gostam de romances históricos e regionalistas, já que o livro retrata muito bem as terras e os costumes do estado do Mato Grosso do século XIX.

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E para quem não sabe preparar o mate, deixo aqui uma imagem retirada do Blog do JH.

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chimarrao

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Que tal um mate, tchê?

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assinatura ana karina

 

 

 

4 thoughts on “[Resenha] Pelos Caminhos do Mate – Zelmo Denari (1/10)

  1. Gente, eu queria taaaanto ter paciência pra ler estes nacionais, não consigo me prender bem a livros e depois do meu ensino médio, as experiências pré-enem me deixaram traumatizada com a mistura índio+mata+autor brasileiro. E a história desse livro parece tão cativante, e é um livro tão curtinho. Muito boa resenha, Karina =D

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    • Obrigada pelo comentário, Danielly!
      Realmente, a literatura pode ser traumatizante em alguns momentos da nossa vida… e digo isso refletindo sobre a minha forma de dar aula! hehehe… mas se pensarmos que, historicamente, os assuntos trabalhados na literatura dos diversos países acabam se repetindo, não é um problema da literatura nacional, mas do jeito que ela nos foi ensinada… Dê uma chance para a literatura brasileira, Dani!
      Beijoooo.

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